Dia do Trabalhador Rural e Agricultor Famíliar é festejado em Quijingue

28/07/2010 09:38

A festa em comemoração ao Dia do Trabalhador Rural (25/07) e do Agricultor Familiar (28/07), que foi realizada nesta segunda-feira (26), na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Quijingue, contou com a participação de representantes das comunidades rurais do município.

O evento teve inicio por volta das 10h30 em frente a Câmara de Vereadores, com a leitura de uma mensagem pelo jovem Leandro Santos, quando mostrou que todas as outras profissões dependem do trabalho do homem do campo. Em seguida foi apresentado um reisado pelos moradores da Fazenda Inveja, localizada na região do Povoado do Sítio.

Para o coordenador deste movimento cultural, Nonato Francisco da Silva, 35 anos, este tipo de evento é importante para mostrar que o reisado está vivo e "todos nós devemos colaborar para não acabar esta cultura e conscientizar os jovens da necessidade de manter esta tradição, que tem como momento forte o mês de Janeiro", finalizou.

Com a ameaça de chuva, os organizadores do evento tiveram que transferir às pressas toda estrutura para o auditório do Sindicato, onde a equipe do CN conversou com alguns diretores da entidade, que trajavam camisas em amarelo e verde. Eles parabenizaram os Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do município pela passagem de seu dia. Logo depois houve a apresentação do grupo Forro Repente, com Miudinho e Passarinho.

Esta festa faz parte do calendário de eventos da entidade, que planejou três comemorações durante o ano, ou seja, 19 de fevereiro, data do aniversário da entidade, 26 de julho, dia do trabalhador rural e do agricultor familiar e 19 de dezembro, encerramento das atividades anuais.

Segundo José Rui do Nascimento, presidente da entidade, dos quase cinqüenta mil habitantes do município, vinte e nove mil moram e sobrevivem das atividades da agricultura familiar. "O nosso costume é plantar feijão de corda e o milho entre os meses de novembro a fevereiro, que são utilizados para o consumo. Em março, planta mais uma vez o milho, e em maio, o feijão. Estes produtos são a sustentabilidade local e os grãos são para o consumo e geração de renda para manutenção das famílias e para as sementes de uma nova safra", falou Rui, lembrando das alterações climáticas, o maior problema dos agricultores.

Para garantir a diversificação da produção, o sindicato, com apoio da APAEB, vem realizando um trabalho para incentivar as famílias a voltar plantar o sisal, dentro do programa "Semeando Renda", que visa a Inclusão Sócio-produtiva com o fortalecimento da economia dos pequenos produtores familiares do semiárido baiano. Com investimentos em apoio técnico financeiro e mecanismos de incentivo à inclusão sócio-produtiva. O projeto esta em fase de cadastramento das famílias e será implantado inicialmente na comunidade de Baixa da Lua.

O STTRQ, fundado em 1978, tem no seu quadro social 7.500 sócios, entretanto, apenas 1.300 estão com as mensalidades em dias e na maioria aposentados com desconto em banco. Apenas 300 sócios pagam suas mensalidades em dias no balcão (Ponto de atendimento na sede).

Rui disse ao CN que os diretores tem se esforçado para mudar este quadro, com um trabalho de conscientização, mostrando aos trabalhadores que a entidade é um canal de luta na defesa da categoria.

Ele citou algumas ações realizadas e estão contribuindo para a mudança da qualidade de vida dos agricultores, a exemplo do crédito em parceria com a ASCOOB e Banco do Brasil, através do PRONAF, agro-amigo, onde foram beneficiadas 40 famílias e investidos R$ 60 mil reais. O PRONAF C, já beneficiou 60 famílias e foram investidos R$ 540 mil reais. "O que nos alegra é a inadimplência zero, mostrando a seriedade dos trabalhadores", pontuou Rui.

A última atividade da festa foi uma palestra com Cosme Arisvaldo Nascimento, conhecido por Ari, presidente da ASCOOB/Itapicuru. Ele falou sobre créditos, do plano safra 2010 e da nova agência que será inaugurada em setembro na cidade de Monte Santo.

O credito direto da ASCOOB para custeio do milho e feijão, onde já foram investidos R$ 350 mil e o crédito rotativo, onde o produtor toma o empréstimo em maio e paga em outubro, são outras linhas de financiamentos conseguidas com a interferência do Sindicato. De acordo com Rui, a entidade é a maior acionista da ASCOOB no município e mantém convênios para manutenção de 30 salas de aulas do programa TOPA, onde estão sendo alfabetizadas 380 pessoas e acompanha com parceiro as atividades do programa "Gente de Valor". Este programa é executado pela SEDIR, através da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), por intermédio de Organizações Populares Locais, no caso do Quijingue, o Sindicato, quer possibilitar e incentivar a participação direta dos homens e mulheres do campo na decisão e escolha das ações a serem implementadas em suas comunidades e atua em municípios das regiões nordeste e sudoeste com os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). Através do "Gente de Valor", já foram construídas 54 cisternas.

Com entusiasmo, o presidente do STTRQ, relatava as diversas ações que motivavam os trabalhadores há festejarem este dia. "Cito ainda a pareceria com o Centro de Assessoria do Assuruá (CAA), onde estamos desenvolvendo um projeto piloto e duas comunidades, a Inveja e Lavada, foram beneficiadas com a construção de duas cisternas com capacidade de armazenamento de 52 mil litros", lembrou Rui.

Ele continuou a relacionar as ações, lembrando do P1MC, que é capitaneado pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA) e tem o (CAA) como uma das unidades gestoras no sertão. "Já construímos 25 cisternas calçadão em várias comunidades. No total, envolvendo todos os programas já construímos 90 cisternas, porém a necessidade do município são 3.000", afirmou o sindicalista.

A conquista da terra é uma marca no município de Quijingue, onde foram legalizadas oito áreas de reforma agrária, pelo INCRA e ou pelo crédito fundiário, 43 famílias foram assentadas na Fazenda Heroina, 88 na Tábua Serrinha, 25 nos Olhos d´água, 54 na Bananeira, 90 no Renascer e outras nas áreas da Lagoa do Mato, Cágado e Brejo do Meio.

A conversa do líder sindical conhecido por Rui do Quijingue com a equipe do CN durou mais de uma hora, pois a todo instante era interrompida por trabalhadores rurais que queriam saber sobre seus direitos, a exemplo do aposentado Pedro Cavalcanti dos Reis, 79 anos, residente na Fazenda Serra. Ele queria saber como proceder para encaminhar a aposentadoria de sua esposa, Iraci Cavalcante dos Reis que completou 55 anos.

Muito samba, piegas e batuques - Estes ritmos predominaram a festa no auditório da entidade. Puxados pelos repentistas Miudinho e Passarinho, os trabalhadores acompanharam com palmas e pandeiros. A agricultora Aída Soares Oliveira, 62 anos, residente na Fazenda Leguinha, chamou atenção pela saia cumprida no meio da roda de samba. "Eu gosto de sambar os reis com saiona", falou a aposentada.

Enquanto muitos trabalhadores dançavam, outros comercializavam seus produtos na feira-livre. Dona Maria Alves, residente no Povoado do Junco, montou sua barraca e comercializava alimentos para seus companheiros que vieram fazer feira e não tem casa de "rancho", como são chamadas as residências que abrigam os trabalhadores que vem da zona rural. Outros vendiam milho assado.

"Isto é o Sindicato. Defende e anima a gente", falou Jerônimo Ferreira da Macena, 76 anos, residente na Fazenda Malhada do Umbu. Portador da carteira sindical nº 183, ele tornou-se sócio em 07 de junho de 1978 e nunca atrasou um mês da mensalidade e participa de todas as atividades da entidade. Ele lamentou apenas que só uma nora seja sócia e seus 10 filhos não são sindicalizados.

 

Por: Valdemí de Assis

 

  

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